---Abaixo em português------ The Atlântico Sul Shipyard (EAS) was created in 2005, its construction works were started in 2007, and the first ship production started in 2008 and finished in 2010. Main partners are Camargo Corrêa SA and Queiroz Galvão. The EAS is a milestone in the revitalization of the shipbuilding industry in Brazil, it is the largest and most modern Shipyard in the Southern Hemisphere. It has an installed processing capacity of 160 thousand tons of steel per year. In 2007, about 50 families were uprooted from Ilha de Tatuoca, to give way to the Atlântico Sul shipyard, linked to the port of Suape. Amid complaints and losses, stories of lives are left behind. The surviving islets of the mangroves, rivers and fruit collection know that they will leave their sites, little by little, so that the future enterprise can generate 5 thousand direct jobs. But they have no idea how to live outside the region where they were born and raised. The uncertainty is part of the daily lives of families who negotiate indemnities with the Port of Suape, without being included in economic and urban projects. In addition, Tatuoca Island is considered, by researchers, an archaeological site, where spearheads and ceramics used by prehistoric populations and many fragments of earthenware, a type of Portuguese dish, were found. The inhabitants of Tatuoca Island were forced to occupy other places and to modify their activities of generation of income, because of the environmental degradation and consequently lost their identities. Another problem arising from the arrival of the enterprise is related to labor and health problems, several employees reported having suffered harassment from supervisors and bosses. The most serious situation is in the yard's kitchen. After eating breakfast, 21 employees were referred to the outpatient clinic with gastrointestinal problems. Márcia Dutra da Silva, 39 years old, has been suffering from the diseases she has contracted since she started working at the company: H.pylori (a bacterium that attacks the stomach and is transmitted by poorly washed foods), gastritis, duodenitis, and altered cholesterol levels. In 2008 several conflicts occurred due to the expropriation of the surrounding lands to the dams of Bita and Utinga for purposes of reforestation and conservation of the spring. In addition to the conflict between Tatuoca Island residents, the Suape companies and the Atlântico Sul Shipyard regarding the installation of the enterprise. Residents who lived on Tatuoca Island hundreds of years ago were withdrawn from violent evictions, received small reparations, and relocated to a village on Suape Beach called “New Tatuoca”. The new village has small houses with two bedrooms, living room, kitchen, bathroom, and a small yard without enough space for planting fruit trees and subsistence farming, as they were accustomed to living on the island. Severino da Silva Seu Biu was the last native to be expropriated from the island of Tatuoca. Biu, who had lived as a child on the island, was expelled by armed guards and policemen who brought down his house on April 4, 2016. Em português------ Maior e mais moderno em seu segmento no Hemisfério Sul, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) foi criado em 2005, suas obras para construção foram iniciadas em 2007, e a primeira produção de navio foi iniciada em 2008 e finalizada em 2010, com dois anos de atraso, tem como sócios a Camargo Corrêa S.A. e a Queiroz Galvão. O EAS é um marco na revitalização da indústria naval no Brasil, é resultado de investimentos de R$ 1,8 bilhão e tem capacidade instalada de processamento da ordem de 160 mil toneladas de aço por ano. O estaleiro produz todos os tipos de navios cargueiros de até 500 mil toneladas de porte bruto (TPB), assim como plataformas de perfuração e produção offshore. O EAS faz parte do seleto grupo de estaleiros de quarta geração existentes no mundo, considerada de vanguarda dentro da construção naval global. Localizado em uma área de 1,6 milhão de metros quadrados, possui área industrial de 130 mil metros quadrados. O EAS está situado no Complexo Industrial Portuário de Suape, município de Ipojuca, em Pernambuco, no Nordeste brasileiro. O complexo está conectado às principais rotas de navegação e a 160 portos em todos os continentes, além de ter posição privilegiada em relação a grandes regiões produtoras de petróleo e gás natural, como o Golfo do México e a Costa Ocidental do continente africano. Um dos diferenciais competitivos do EAS é sua localização no Complexo Industrial Portuário de Suape. Este diferencial garante ao Estaleiro Atlântico Sul vantagens de peso no atendimento a demandas por embarcações e unidades offshore, como também uma otimização da logística no suprimento de insumos. O EAS conta com capacidade de processamento de 160 mil toneladas de aço/ano, 1 milhão e 620 mil metros quadrados de terreno, área industrial coberta de 130 mil metros quadrados e um dique seco de 400 metros de extensão, 73 metros de largura e 12 metros de profundidade. O dique é servido por dois pórticos Goliaths de 1.500 toneladas/cada, dois guindastes de 50 toneladas/cada e dois de 35 toneladas/cada. O porte destes equipamentos permite reduzir substancialmente o tempo de edificação, possibilitando ao EAS figurar no seleto time das plantas navais de quarta geração, junto aos estaleiros asiáticos, considerados a vanguarda da construção naval mundial. O EAS possui também um cais de acabamento com 730 metros de extensão, equipado com dois guindastes de 35 toneladas. Outros 680 metros de cais são utilizados para a construção de plataformas offshore. Em 2007, cerca de 50 famílias foram arrancadas da Ilha de Tatuoca, para dar lugar ao estaleiro Atlântico Sul, vinculado ao porto de Suape. Em meio a queixas e perdas, histórias de vidas ficam para trás. Os ilhéus que sobrevivem dos mangues, rios e da coleta de frutas sabem que vão deixar seus sítios, aos poucos, para que o futuro empreendimento possa gerar 5 mil empregos diretos. Mas eles não têm ideia de como viver fora da região onde nasceram e cresceram. A incerteza do amanhã faz parte do cotidiano das famílias que negociam indenizações com o Porto de Suape, sem estarem inseridas em projetos econômicos e urbanísticos. Além disso, a Ilha de Tatuoca é considerada, por pesquisadores, um sítio arqueológico, onde foram encontradas pontas de lança e cerâmicas usadas por populações pré-históricas e muitos fragmentos de faiança, um tipo de louça portuguesa. Os moradores da Ilha de Tatuoca foram obrigados a ocupar outros lugares e a modificarem suas atividades de geração de renda, por causa da degradação ambiental e consequentemente perderam suas identidades. Outro problema decorrente da chegada do empreendimento, está relacionado a problemas trabalhistas e de saúde, vários empregados denunciaram sofrer assédio moral de supervisores e chefes. Há, inclusive, denúncias de preconceito. A situação mais séria é a da cozinha do estaleiro. Há dois meses, após ingerirem um café-da- manhã, 21 funcionários foram encaminhados ao ambulatório com problemas gastrointestinais. Demitida na última sexta-feira, Márcia Dutra da Silva, de 39 anos, elenca as doenças que contraiu desde que começou a trabalhar na empresa: H.pylori (bactéria que ataca o estômago e que é transmitida por alimentos mal-lavados), gastrite, duodenite e taxas de colesterol alteradas. Ainda segundo trabalhadores, durante o inverno, era necessário abrir guardas-chuvas dentro dos ônibus que os levam até a Ilha de Tatuoca, tais eram as condições dos veículos. No que tange à questão do desvio de função, funcionários afirmaram terem que lavar banheiros durante meses, quando na carteira profissional exibiam o cargo de ajudantes industriais. Em 2008 ocorreram vários conflitos devido a desapropriação das terras circunvizinhas às barragens de Bita e Utinga para fins de reflorestamento e conservação do manancial. Além de conflito entre moradores da Ilha de Tatuoca, as empresas Suape e o Estaleiro Atlântico Sul quanto à instalação do empreendimento impactante. Os moradores que viviam na Ilha de Tatuoca há centenas de anos foram retirados a partir de pro¬cessos violentos, receberam pequenas indenizações e foram realocados numa vila na praia de Suape chamada Nova Tatuoca. A nova vila possui casas pequenas, com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e um pequeno quintal sem espaço suficiente para plantio de árvores frutíferas e agricultura de sub¬sistência, como eles eram acostumados a viver na ilha. O último habitante nativo a ser expropriado da ilha de Tatuoca foi Severino da Silva - Seu Biu, que morava desde criança na ilha, foi expulso por vigilantes e policiais armados que derrubaram a casa dele no dia 04 de abril de 2016. (See less) |